sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Behaviorismo



 


  



O termo Behaviorismo foi utilizado inicialmente em 1913 em um artigo denominado “Psicologia: como os behavioristas a vêem” por John B. Watson. "Behavior" significa "comportamento" e ele definiu como: "Um ramo experimental e puramente objetivo da ciência natural. A sua meta é a previsão e controle do comportamento...". O Behaviorismo nasceu como uma reação à introspecção e à Psicanálise que tentavam lidar com o funcionamento interior e não observável da mente.
 Esta teoria teve início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson – “A Psicologia como um comportamentista a vê“. Nele o autor defende que a psicologia não deveria estudar  processos internos da mente, mas sim o comportamento, pois este é visível e, portanto, passível de observação por uma ciência positivista. Nesta época vigorava o modelo behaviorista de S-R, ou seja, de resposta a um estímulo, motor gerador do comportamento humano. Watson é conhecido como o pai do Behaviorismo Metodológico ou Clássico, que crê ser possível prever e controlar toda a conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive.

 

 Nas teorias do russo Ivan Pavlov sobre o condicionamento – a conhecida experiência com o cachorro, que saliva ao ver comida, mas também ao mínimo sinal, som ou gesto que lembre a chegada de sua refeição.

Watson defendia uma perspectiva funcionalista para a Psicologia onde o comportamento é estudado em função de varáveis do meio e os estímulos levando o organismo a darem determinadas respostas e isso em razão do ajuste do organismo ao seu meio, por meio de equipamentos hereditários e formação de hábitos.
 

O sentido de "Behaviorismo" foi sendo alterado no decorrer do tempo, e hoje já não se entende o comportamento como uma ação isolada, mas uma interação entre o ambiente (onde o "fazer" acontece) e o sujeito (aquele que "faz"), passando o "Behaviorismo" a se dedicar ao estudo das interações entre o sujeito e o ambiente, e as ações desse sujeito (suas respostas) e o ambiente (os estímulos).



Após Watson, o mais importante behaviorista foi B. F. Skinne. A linha de estudo de Skinner ficou conhecida como Behaviorismo radical que buscava uma explicação científica definindo como prioridade para a ciência do comportamento o desenvolvimento de termos e conceitos que permitissem explicações verdadeiramente científicas.  A expressão utilizada pelo próprio Skinner em 1945 tem como linha de estudo a formulação do "comportamento operante".

 



Segundo Keller, o comportamento operante inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa, dizer que, em algum momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor.

 


                                                          REFORÇAMENTO

Reforço é toda a conseqüência gerada por uma resposta, que altera a probabilidade futura de ocorrência da resposta. O reforço pode ser positivo ou negativo.
O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o produz.
O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o remove ou atenua.
O reforçamento positivo oferece alguma coisa ao organismo, e o negativo um evento como permite a retirada de algo desejável.
A função reforçadora de um evento ambiental qualquer só é definida por sua função sobre o comportamento do indivíduo.


 

A Extinção é um procedimento no qual uma resposta deixa abruptamente de ser reforçada.

Como conseqüência, a resposta diminuirá de freqüência e até mesmo poderá deixar de ser emitida. O tempo necessário para que a resposta deixe de ser emitida dependerá da história e do valor do reforço envolvido.


A punição é outro procedimento importante que envolve conseqüência à ação de uma resposta quando há apresentação de estímulo aversivo ou remoção de um reforçador positivo presente.
A supressão do comportamento punido só é definitiva se a punição for extremamente tensa, por que ao punir ações, estas apenas são levadas à supressão temporária da resposta sem, contudo, alterar as motivações ou as razões do comportamento.

  


No reforçamento negativo, dois processos importantes merecem destaque: a esquiva e a fuga.

 
ESQUIVA
A esquiva é um processo no qual os estímulos aversivos condicionados e incondicionados estão separados por um intervalo de tempo apreciável, permitindo que o indivíduo execute um comportamento que previna a ocorrência ou reduza a magnitude do segundo estímulo.

Por exemplo, o raio (primeiro estímulo) precede à trovoada (segundo estímulo), que o chiado precede ao estouro dos rojões, que o som do "motorzinho" usado pelo dentista precede à dor no dente. Estes estímulos são aversivos, mas os primeiros nos possibilitam evitar ou reduzir a magnitude dos seguintes, ou seja, tapamos os ouvidos para evitar o estouro dos trovões ou desviamos o rosto da broca usada pelo dentista.




FUGA

Na fuga, só há um estímulo aversivo incondicionado que, quando apresentado, será evitado pelo comportamento de fuga. Não evitando o estímulo aversivo, mas  fugindo dele depois de iniciado. 



                                      




  DIFERENÇA ENTRE FUGA E ESQUIVA

 Se posso colocar as mãos nos ouvidos para não escutar o estrondo do rojão, este comportamento é de esquiva, pois estou evitando o segundo estímulo antes que ele aconteça. Mas. se os rojões começam a pipocar e só depois apresento um comportamento para evitar o barulho que incomoda, seja fechando a porta, seja indo embora ou mesmo tapando os ouvidos, pode-se falar em fuga. Ambos reduzem ou evitam os estímulos aversivos, mas em processos diferentes. No caso da esquiva, há um estímulo condicionado que antecede o estímulo incondicionado e me possibilita a emissão do comportamento de esquiva. 
          CONTROLEDE ESTÍMULOS

Quando a freqüência ou a forma da resposta é diferente sob estímulos diferentes, diz-se que o comportamento está sob o controle de estímulos.

Dois importantes processos devem ser apresentados: discriminação e generalização.



                                                                DISCRIMINAÇÃO

Uma discriminação de estímulos é desenvolvida quando uma resposta se mantém na presença de um estímulo, mas sofre certo grau de extinção na presença de outro.
 Um estímulo que adquire a possibilidade de ser conhecido como discriminativo da situação reforçadora.

                                                                 GENERALIZAÇÃO

 























Na generalização de estímulos, um estímulo adquire controle sobre uma resposta devido ao reforço na presença de um estímulo similar, mas diferente. Freqüentemente, a generalização depende de elementos comuns a dois ou mais estímulos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1.http://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/
2.http://www.portaldapsique.com.br/Artigos/Behaviorismo.htm
3.
4. BOCK, Ana Maria B. Psicologias: uma introdução ao estudo
de Psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 1991. 4ª ed.
5.http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/matos.htm










segunda-feira, 22 de outubro de 2012

RESENHA DE LARANJA MECÂNICA



RESENHA DE LARANJA MECÂNICA


Um grande clássico da década de 1970


 

Inegável destaque na obra do diretor Stanley Kubrick, Laranja Mecânica foi marcante na época e até hoje suscita discussões e reflexões diversas. Anthony Burgess, autor do livro homônimo, escritor, compositor e crítico britânico escrevera em 1962 o que veio a ser sua obra mais memorável. Burgess criou o personagem forte e com linguagem própria, que continha palavras em inglês, russo e algumas gírias. A obra de Burgess é recheada de sátiras sociais. Burgess foi também professor na Malásia e serviu ao exército inglês por seis anos. Foi diagnosticado com grave doença no final dos anos 50, porém só veio a falecer tempos mais tarde, em Londres, no ano de 1993. Laranja Mecânica é o resultado das suas críticas à utilização do behaviorismo em algumas instituições e sua preocupação com a delinqüência juvenil.
Já Kubrick, um dos mais importantes cineastas da história, iniciou sua carreira aos 22 anos, realizando curta-metragens. Seu primeiro longa foi filmado em 1953, Fear and Desire. Diretor de grandes filmes como Platoon (1986), O Iluminado (1980), 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), até então o melhor longa de ficção científica já visto. Kubrick deixou as câmeras e a vida no meio de mais uma superprodução científica, AI: Inteligência Artificial, que também marcou história e foi continuado Steven Spielberg.
Para Malcolm MacDowell, ator principal, o personagem foi uma grande projeção na carreira, por ser forte, diferente, extravagante, ter viés artístico explícito e pela sua brilhante interpretação com apenas vinte e três anos.

 
O filme se passa num futuro que não sabemos exatamente a data, na Inglaterra. De família saudável e de classe média, Alexander DeLarge ou Alex é um jovem, líder de uma gangue e comete uma série de crimes como estupro, violência, roubo, invasões. O grupo denominava-se “os droogs” e assim se tratavam entre si.
Freqüentavam um bar com ar futurista, onde os móveis eram em formato de pessoas despidas e bebia-se algo com aparência semelhante ao leite.
Uma série de crimes é cometida pela gangue sob a liderança e estímulo de Alex. Ao verem um mendigo bêbado nas ruas, a gangue o humilha e o espanca violentamente.
Em seguida, entram na casa de um escritor, e estupram a sua esposa fazendo-o assistir o ato, depois de tê-lo espancado e amarrado. O ato é cometido sob a trilha Singing in the rain, cantarolada por Alex sarcasticamente.

 

Alex passa por problemas em sua liderança, pois a gangue quer muda algumas regras e deseja ser tratada de outra forma, com mais respeito. Alex responde a essa reivindicação agredindo os seus companheiros de gangue.
Em busca de dinheiro, a gangue invade a casa de uma artista e Alex agride a mulher, matando-a. Ao tentar fugir, a gangue o surpreende com um golpe em sua cabeça, deixando-o cego temporariamente, o que o leva a ser capturado pela polícia.
Alex, que já era acompanhado por um inspetor que exercia a função de assistente social e seu disciplinador, recebe a visita deste na delegacia, quando este percebe e proclama que agora Alex é assassino, e portanto não tem mais como melhorar o seu comportamento. O jovem é condenado  a 14 anos de prisão.


Aos dois anos de pena, conforme narração do próprio Alex e seu comportamento, logo percebemos que ele em nada mudou, exceto pelo respeito ás autoridades na prisão, que lhe era obrigatório.
Cansado de ser prisioneiro, Alex solicita ao diretor da prisão que lhe permita
participar do tratamento experimental Ludovico, em troca de sua liberdade. Tratava-se de uma terapia do governo para reverter o comportamento criminoso no ser humano. O tratamento é iniciado e dura duas semanas até que Alex seja solto. As sessões contemplam a aversão. São exibidos filmes de violência explícita e Alex os assiste com os olhos abertos ininterruptamente, garantidos por presilhas que os prendem. É também aplicado uma droga no corpo de Alex.
Estas combinações o levam a ter enjôos e dores enquanto vê as cenas dos
filmes. O objetivo é a associação entre a violência e a dor física. Numa das sessões a trilha do filme exibido é de Ludwig Van Bethooven, músico que Alex aprecia, tornando o jovem avesso por acaso à Nona Sinfonia de Bethooven.

 
Alex está aparantemente recuperado ao final do tratamento, pois não consegue esboçar atos de violência ou estupro, já que a cada vez que tenta realizar ou reagir a um ato de violência, sente dores e náuseas fortes, tornando-se incapacitado de agir novamente desta maneira.


Ao sair da cadeia, rejeitado pelos pais, que muito sofreram com sua conduta, o destino o leva a reencontrar as suas vítimas. A primeira delas é o mendigo, que lhe pede dinheiro e reconhecendo-o, une-se aos demais idosos mendigos para espancá-lo. Em meio à confusão, dois policiais os interrompem. Alex estaria a salvo, porém os dois policiais são os seus amigos de gangue, que foram agredidos por ele.

 
Imediatamente os rapazes se vingam dele, usando também de violência. Espancado e fraco, Alex pede ajuda numa casa, sem notar que é a casa do escritor, outra vítima sua. A esposa deste havia morrido e ele estava numa cadeira de rodas. A vítima usou a Nona Sinfonia para fazer Alex sofrer, e este tentou suicídio, sem sucesso.
Após um longo período em coma, Alex acorda e é visitado pelo Ministro, que lhe oferece emprego em troca de silêncio e apoio ao partido, após tanta polêmica que cercara o caso e prejudicara sua gestão. Nesse momento, Alex recebe flores  ouve a Nona Sinfonia e sob essa trilha, declara-se ao telespectador estar “definitivamente curado”, vislumbrando, porém, uma cena de sexo o que mostra que o antigo Alex estava ali novamente.
O filme mostra a intervenção de instituições e personagens de ordem na vida de Alex através do inspetor, o padre na prisão, a própria polícia, o governo, os cientistas. O protagonista Alex, mau, sádico e performático nos leva a desejar uma correção moral e é disso que o filme trata. A correção, porém, é científica e põe em discussão a questão do livre arbítrio.
 

Percebe-se claramente o uso do Behaviorismo na técnica, através do comportamento condicionado, dos reforços, dos estímulos e respostas, associações e repetições. Seria, para o governo e para a ordem da sociedade, uma alternativa eficaz de manter a segurança, porém há muitas outras questões éticas e morais por trás dessa decisão. Percebe-se, apesar de a história se passar no futuro um governo rígido, autoritário, principalmente por autorizar uma experiência de caráter behaviorista. Trata-se também de uma delinqüência juvenil injustificada, onde não se vê sofrimento, depressão, desequilíbrio mental, nenhum mal exemplo dos pais ou dificuldades financeiras.
A história deseja dar ao espectador uma violência gratuita, um personagem
mau porque é simplesmente mau. Toda a atmosfera artística e libertina nos remete
ao sarcasmo de Alex, aos estupros, à imoralidade tornada imparcial e parte da vida dos cidadãos do futuro, um futuro imaginado em 1962 influenciado pela tendência do design e arquitetura da época, muito futurista e extravagante.
O filme mexe com muitos conceitos que temos, provoca sentimentos de satisfação na vingança, questões de livre arbítrio, direito, moral, ética, disciplina, revolta, liberdade e proporciona ricas reflexões e debates nos campos da Psicologia, Sociologia, Direito, Antropologia e Pedagogia, sendo referência para construção de aprendizado nessas disciplinas.
Cabe observar o final do filme, onde o Ministro comparece tratando Alex de maneira especial, oferecendo-lhe ajuda e comida na boca, em busca de omitir o escândalo, tentando reverter a opinião pública sobre a situação usando sua influência e a mídia. Ironicamente, é nesse mesmo momento que é revelado para o telespectador que Alex não está curado do seu comportamento violento, justamente na hora em que ele é reconhecido e apoiado ainda que falsamente e com interesses pelo Ministro, o que não se viu em nenhum momento pelos outros personagens que fizeram parte da vida de Alex.

LARANJA MECÂNICA. Direção de Stanley Kubrick. Inglaterra, 1971. (136 min): Son. Color. Legendado. Port..